ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.03.1990.
Aos vinte e seis dias do mês
de março do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quarta Sessão
Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às
quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar
Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques
Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann,
Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson
Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson
Santos, Wilton Araújo e Heriberto Back. Constatada a existência de “quorum”, o
Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vieira da
Cunha que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário
procedeu à leitura da Ata da Terceira Sessão Ordinária que, juntamente com as
Atas da Primeira e da Segunda Sessões Ordinárias, foi aprovada. À MESA foram encaminhados:
pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Artur Zanella,
01 Pedido de Informações; pelo Ver. Elói Guimarães, 03 Pedidos de Informações;
pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Cyro Martini,
07 Pedidos de Providências; pelo Ver. Edi Morelli, 05 Pedidos de Providências;
pelo Ver. Ervino Besson, 30 Pedidos de Providências; 01 Pedido de Informações;
01 Indicação; pelo Ver. Gert Schinke, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº
200/89 (Processo nº 3330/89); pelo Ver. José Valdir, 01 Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 04/90 (Processo nº 449/90); pelo Ver. Isaac
Ainhorn, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 03 Pedidos de
Providências; pela Verª. Letícia Arruda, 14 Pedidos de Providências; 01
Indicação; pelo Ver. Luiz Machado, 04 Pedidos de Informações; 01 Projeto de
Resolução nº 05/90 (Processo nº 462/90); pelo Ver. Mano José, 01 Pedido de
Providências; pelo Ver. Nelson Castan, 02 Pedidos de Providências; 01 Projeto
de Lei do Legislativo nº 12/90 (Processo nº 444/90); 01 Projeto de Resolução nº
01/90 (Processo nº 34/90); pelo Ver. Valdir Fraga, 05 Pedidos de Providências;
pelo Ver. Vicente Dutra, 11 Pedidos de Providências; 02 Pedidos de Informações;
pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Wilson Santos,
01 Pedido de Providências; pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de Informações;
01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/90 (Processo nº 420/90); 01
Projeto de Resolução nº 51/90 (Processo nº 3316/89). Do EXPEDIENTE constaram:
Ofícios Circulares nos 01/90, da Câmara Municipal
de São Leopoldo; 06/90, da Câmara Municipal de Fortaleza dos Valos; 18/90, da
Câmara Municipal de Sapiranga; s/nº, da Câmara Municipal de Marau. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Ver. Giovani
Gregol, solicitando Licença para Tratamento de Interesses Particulares, no dia
de hoje. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o
Suplente Antonio Losada e, informando que S.Exa. já prestara compromisso legal
nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a
integrar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. A seguir, o Sr. Presidente
cumprimentou a Casa e todos os presentes pela passagem dos duzentos e dezoito
anos de Porto Alegre e concedeu a palavra aos Líderes de Bancada para se
pronunciarem acerca da presente data. O Ver. Wilson Santos, em nome da Bancada
do PL, declamou o poema “Mapa”, de Mário Quintana, dizendo que estes versos não
pertencem apenas a uma pessoa mas a todo o povo da nossa Cidade, sendo
demonstração do amor que Porto Alegre desperta em seus munícipes. O Ver. João
Dib, em nome da Bancada do PDS, dizendo amar Porto Alegre, lembrou o nome do
ex-Prefeito Loureiro da Silva, discorrendo sobre as comemorações que são
realizadas já há mais de cinqüenta anos, durante a Semana da Cidade. Declamou
poema de Antonio Xavier, acerca de Porto Alegre. Criticou a administração do
Prefeito Olívio Dutra à frente do Poder Municipal. O Ver. Lauro Hagemann, em nome
da Bancada do PCB, salientando ter Porto Alegre se transformado na sua segunda
terra, disse ser a data hoje comemorada referente à Cidade e não a um ou outro
dirigente. Teceu comentários sobre a fundação e o desenvolvimento de Porto
Alegre. O Ver. João Motta, em nome da Bancada do PT, falou sobre a abertura,
hoje, da Semana de Porto Alegre, que deverá contar com a realização de várias
programações. Discorreu sobre os hoje enfrentados pela Cidade e a busca de suas
soluções pela Administração Popular. O Ver. Luiz Braz, em nome da Bancada do
PTB, ressaltando que “a prova maior de amor por uma Cidade é amar as pessoas
que nela habitam”, analisou a grande quantidade de pessoas que vem do interior
para Porto Alegre em busca de melhores condições de vida, lamentando a falta de
oportunidades por elas encontrada. Conclamou pela união de todos em busca de
uma Cidade melhor. O Ver. Dilamar Machado, em nome da Bancada do PDT, falou
sobre a Porto Alegre que conheceu ao vir para cá e as mudanças atualmente nela
verificadas pela sua divisão em zonas com fortes contrastes em suas riquezas e
infra-estruturas. Defendeu o rompimento de barreiras partidárias na busca do
benefício da população. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, discorreu
sobre a fundação de Porto Alegre, questionando a validade de seu nome e da
presente homenagem, em face do quadro deformador e crítico hoje apresentado
pela Cidade, com a presença de várias zonas periféricas marcadas pela desolação
e pela miséria. Na ocasião, o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver.
Antonio Hohlfeldt, acerca da possibilidade de prorrogação do prazo de entrega
de emendas par ao Projeto de Lei Orgânica III, e respondeu Questão de Ordem do
Ver. Wilson Santos, acerca da ordem de pronunciamento dos Senhores Vereadores
no período de Comunicações. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver.
Isaac Ainhorn, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, iniciando-se o
período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi rejeitado o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/89 e considerado aceito o Veto
Total a ele aposto, por seis Votos SIM contra vinte e um Votos NÃO, após ter
sido discutido pelos Vereadores Dilamar Machado, Antonio Hohlfeldt e Artur
Zanella, tendo sido escrutinadores os Vereadores Adroaldo Correa e Mano José;
aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 09/89 e considerado
rejeitado o Veto Parcial a ele aposto, por trinta Votos SIM contra um Voto EM
BRANCO, após ter sido discutido pelos Vereadores Luiz Braz, Isaac Ainhorn e
Cyro Martini, e encaminhado à votação pelos Vereadores Artur Zanella e Antonio
Hohlfeldt, tendo sido escrutinadores os Vereadores Adroaldo Correa e Mano José;
rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 34/90 e considerado aceito o Veto
Total a ele aposto, por doze Votos SIM contra treze Votos NÃO e um EM BRANCO,
após ter sido discutido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, tendo sido escrutinadores
os Vereadores Adroaldo Correa e Luiz Machado; rejeitado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 133/89 e considerado aceito o Veto Total a ele aposto, por treze
Votos SIM contra treze Votos NÃO e três EM BRANCO, após ter sido discutido
pelos Vereadores Artur Zanella e Luiz Machado, tendo sido escrutinadores os
Vereadores José Valdir e Isaac Ainhorn. E, em Votação Secreta, renovação de
votação, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 171/89, por vinte
Votos SIM contra seis Votos NÃO e três EM BRANCO, tendo sido escrutinadores os
Vereadores Ervino Besson e Décio Schauren. Durante esse período, o Senhor
Presidente responde às seguintes Questões de Ordem: dos Vereadores Artur
Zanella e Antonio Hohlfeldt, acerca do Parecer, de autoria do último, no âmbito
da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, relativo ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 34/89; e do Ver. José Valdir, acerca do procedimento para
votação do Projetos de Lei do Legislativo nº 171/89. A seguir, passou-se à
apreciação do Requerimento de autoria do Ver. Dilamar Machado, solicitando
Moção de Repúdio contra o ato de invasão, por parte da Polícia Federal, da Sede
da Empresa Folha da Manhã S/A, em São Paulo, onde é editada a Folha de São
Paulo, numa averiguação de irregularidades, o qual, após ter sido encaminhado à
votação pelo Ver. Adroaldo Correa, teve sua apreciação protelada diante da
constatação da inexistência de “quorum” para a Ordem do Dia, realizada a pedido
do Ver. Dilamar Machado. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou e assegurou
a inscrição para encaminhamento à votação do referido Requerimento do Ver. João
Dib. Às dezessete horas e vinte minutos, o Senhor Presidente levantou os
trabalhos, nos termos do parágrafo único do artigo 71 do Regimento Interno,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Lauro
Hagemann e Wilton Araújo, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann,
Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Valdir Fraga): Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Giovani Gregol,
através do qual solicita Licença para Tratamento de Interesses Particulares no
dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento
de licença do Ver. Giovani Gregol e dada posse ao Suplente, conforme consta na
Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Falando no dia 26 de março,
conforme o pedido do Ver. Giovani Gregol, hoje eu gostaria de cumprimentar os
Vereadores, os funcionários e os amigos que estão nos visitando, pela passagem
dos 218 anos da nossa Cidade. Nós todos estamos de parabéns. Apesar das
dificuldades por que passa a Cidade, passou e passará ainda, nos próximos anos,
não é culpa de um ou outro Secretário que passa, ou Prefeito que ali passou ou
vai passar, não interessando nem mesmo os partidos que estão no comando do
nosso Executivo Municipal, mas a Cidade cresce com todas as suas dificuldades.
Como Presidente da Casa, gostaria que a Bancada do PT levasse a S. Exª o
Prefeito Olívio Dutra os nossos cumprimentos pela passagem dos 218 anos.
Às vezes reclamamos muito da
Cidade, mas vamos pegar um ônibus ou um avião, quando ele já está no meio do
caminho para onde quer que estejamos nos dirigindo, nós já estamos loucos para
voltar.
Então, por isso, com buracos, sem
buracos, com asfalto, sem asfalto, com luminárias, sem luminárias, o nosso
grande abraço à nossa querida Porto Alegre e assim nós iniciamos os nossos
trabalhos.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, nos votos de congratulações a S. Exª, o Sr. Prefeito,
que seja excluído o Ver. João Antonio Dib. Ele não se congratula com o Sr.
Prefeito.
O SR. PRESIDENTE: Assim como a Mesa está se
congratulando com o Prefeito que está no comando, se congratulou com os demais
que por lá passaram, com as suas dificuldades, e com aqueles que também vão
passar. Então, o nosso abraço, da maioria da Casa, dos 99% dos Vereadores.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Apenas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para uma reflexão sobre a
manifestação de V. Exª, para tentar expungir a confusão que faz o Ver. João Dib
nesta tarde. O equívoco que comete o Ver. João Antonio Dib, porque o Prefeito
recolhe as homenagens, nesta hora, por ser Prefeito e não se questiona em
nenhum momento se está fazendo boa ou má administração. É o Município de
aniversário, na sua eternidade, independentemente da sua funcionalidade, do
comando provisório que tem. Quem está de aniversário, Ver. João Antonio Dib, é
o Município, que faz aniversário hoje e está sendo cumprimentado, que fará
amanhã e será cumprimentado. Que fez aniversário quando V. Exª era Prefeito e
foi cumprimentado. Então, a questão de quem está na direção do Município não é
objeto de discussão e sim o Município, a Cidade, e eu aproveito este aparte
para externar a minha saudação ao Município.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, eu apenas havia feito uma solicitação que dos votos ao
Prefeito, da Casa, que eu fosse excluído. Não por que eu não ame esta Cidade
que já comecei a declarar hoje, às 07h da manhã, o meu amor à Cidade, e agora à
tarde às 13h30min; mas logo depois o Prefeito desta Cidade entendeu de dizer
que eu não fui Prefeito, que fui nomeado e atendi ordens de militares. Ele não
tem categoria e nem condições de me criticar, porque eu atendi mais gente do
que ele já atendeu e vai atender ainda, cuidei mais desta Cidade que ele, fui
mais Prefeito que ele. Fiz um Requerimento e não tinha que ser discutido.
Agora, se for para ser discutido, eu tenho todas as razões do mundo para
dizer-lhe que, como Prefeito, eu não o aprecio.
O SR. ISAAC AINHORN
(Requerimento): Sr. Presidente, é para um Requerimento. Após o
pronunciamento dos Líderes de Bancada, por ocasião da passagem do aniversário
da nossa Cidade, eu requereria de V. Exª que submetesse ao Plenário a inversão
da Ordem do Dia, em primeiro lugar, e depois o Grande Expediente.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson
Santos, em nome da Bancada do PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, 218 anos de Porto Alegre, e
aproveitando o tempo aberto pela Mesa para que as Lideranças possam se
pronunciar, eu quero, com a atenção dos Srs. Vereadores e em especial do Ver.
Antonio Hohlfeldt, eu vou ler uns versos que são meus e que dizem o seguinte:
(Lê.)
“Olho o Mapa da Cidade/ Como quem examinasse/ A anatomia de um corpo.../ (É nem que fosse o meu corpo!)/ Sinto uma dor infinita/ Das ruas de Porto Alegre/ Onde jamais passarei.../ Há tanta esquina esquisita,/ Tanta nuança de paredes,/ Há tanta moça bonita/ Nas ruas que não andei/ (E há uma rua encantada/ Que nem em sonhos sonhei.../ Quando eu for um dia desses,/ poeira ou folha levada/ No vento da madrugada,/ Serei um pouco do nada/ Invisível, delicioso/ Que faz com que o teu ar/ Pareça mais um olhar,/ Suave mistério amoroso,/ Cidade de meu andar/ (Deste já tão longo andar!)/ E talvez do meu repouso...”
Disse que são meus versos, porque
eles são de Mário Quintana. Mário Quintana é meu como Porto Alegre é minha, e
acredito que os versos de Mário Quintana não pertencem somente a mim, pertencem
ao povo de Porto Alegre. Estes versos são a demonstração cristalina do amor que
tem Mário Quintana pela Cidade de Porto Alegre. Aproveitei, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, no momento de alguma animosidade, no momento em que esta nossa
atividade tão contenciosa nos leva, às vezes, a colocações que se respeitando o
direito e a emocionalidade de cada um, se vê, com justa razão, o Ver. João Dib
aproveitando para um protesto. Entretanto, certamente ele já virá à tribuna e
dará as suas razões. Usando a liberdade que nos é dada, já entendi o caminho justamente
do romantismo, da poesia, do amor, para marcar os 218 anos da minha Cidade,
dizendo estes versos que eu disse, que são meus, porque são versos do Mário
Quintana. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. João Dib, que fala em nome do PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, amo esta Cidade, amo Porto Alegre, que é de todos
nós, aprendi a amá-la espontaneamente me enamorando dela quando aqui cheguei,
mas recebi lições inesquecíveis daquele Prefeito que entendo que foi quem mais
amou esta Cidade: José Loureiro da Silva. Ele foi um dos grandes Prefeitos que
esta Cidade teve e eu não perco oportunidade para ressaltar o seu nome, as suas
realizações, a sua obra e o seu carinho por esta Cidade, Cidade que ele dizia:
“Faço versos na pedra, construindo uma nova Cidade”. Ele não era um Mário
Quintana, mas tinha alma de poeta, alma de administrador, alma de realizador e
alma de amante nº 01 desta Cidade.
Hoje,
pela manhã, comecei a lembrar os 218 anos da Cidade num comentário gravado para
a Rádio Guaíba. Às nove horas e pouco eu voltada à Rádio Guaíba e dizia que em
1940, amparado no estudo de Walter Spalding, Leandro Telles e outros
historiadores, Loureiro da Silva comemorava os 200 anos da colonização da Cidade
e o fazia com satisfação muito grande porque o colonizador da Cidade, Jerônimo
de Ornellas, era seu tetravô, A partir de 1940, portanto, há 50 anos, esta
Cidade, ou comemorando em 05 de novembro, ou comemorando em 26 de março – Lei
do Ver. Afonso de Revoredo Ribeiro – sempre realizou a Semana de Porto Alegre
com apresentação de obras a toda Cidade. Sempre comemorou a Semana de Porto
Alegre com espetáculos folclóricos, espetáculos esportivos, com uma série de
coisas para fazer com que o civismo, que está latente dentro de cada um de nós,
aflorasse e nós disséssemos: “Porto Alegre, eu te amo”. Mas, este ano nós não
tínhamos nada para comemorar a Semana de Porto Alegre, que deveria ser
encerrada hoje. A Rádio Guaíba vai às esquinas da Cidade com os seus microfones
para saudar os 218 anos da nossa Capital. Se foi colonizada em 1740, a data de
fundação foi fixada pelos historiadores, por uma preocupação do ex-Prefeito
Ildo Meneghetti, como 26 de março de 1772, quando Porto Alegre foi separada de
Viamão e aqui se criou a Cidade que, um ano depois, no dia 24 de julho, seria
transformada na Capital do Estado.
O Ver.
Wilson Santos, ao que parece, foi ao meu gabinete e trouxe a poesia do Mário
Quintana; eu, também, vou ler um pedaço de poesia de alguém que não nasceu
nesta terra, como eu não nasci e como a maioria dos Vereadores não nasceu, mas
que sendo economista e nascido em Uruguaiana sabe sentir profundamente o amor
que se deve ter pela Capital que é de todos os gaúchos, não só dos
porto-alegrenses. Então, Antônio Xavier Belvê, diz assim, numa declaração de
amor a Porto Alegre: (Lê.)
“Eu te
conheço como a palma de minha mão/ Como as rugas de meu rosto/ Como os temores
do meu coração/ Como um momento de emoção/ Ante a beleza do sol posto/ Frente à
noite nova./ E é por isso que te palmilho metro a metro/ Sem a menor hesitação/
Com a desenvoltura do cego em sua casa/ Como o pássaro confia em sua asa/ Como
confia o leão, se livre./ E é por isso que te amo./ Tuas esquinas são pontos
para encontros/ Não confluências de retas que para os poetas nada indicam/ Tuas
ruas são para os passeios dos seres,/ Não logradouros de algaravia municipal/
Tuas praças são o elo entre os humanos/ Onde convergem desenganos e alegrias/
Onde se fundem a filosofia e o banal./ E é por isso que te amo.”
E essa
declaração de amor eu faço a Porto Alegre como sei que os trinta e três
Vereadores o fazem. Se eu pedi que meu nome não fosse incluído entre aqueles
que congratulam-se com o Prefeito é porque o Prefeito não tem o direito de
criticar-me por ter sido eu indicado pelo Governador Jair Soares e aprovado
pela Assembléia. Não fui nomeado. Para alguém que quer ser
Prefeito de uma cidade e exercer com toda autoridade o seu mandato, não pode,
de jeito nenhum, saber como se processa a lei através da Constituição. Por isso
que não quero nada com o Sr. Olívio Dutra. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Lauro Hagemann, em nome da
Bancada do PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a Cidade hoje comemora mais um aniversário.
Naturalmente é um dia de festa, de euforia, de agradecimento e, até por
vivermos aqui nesta terra, principalmente aqueles que não nasceram aqui, e que
eu acredito que seja a maioria desta Casa, Porto Alegre que se transformou na
nossa segunda Cidade por opção e a qual não só dedicamos o nosso carinho, a
nossa vida, o nosso trabalho, a nossa inteligência, não vou falar da minha vida
em Porto Alegre já há 40 anos, porque sou apenas um dos tantos que há 40 ou há
mais anos vivem nesta Cidade, o nosso esforço por transformar esta terra numa
terra habitável, agradável, para nós, para nossos filhos, para nossos
descendentes. Por isso, Porto Alegre não merece hoje nenhuma adjetivação que
não seja de admiração, de agradecimento.
Lamentavelmente, vivemos tempos difíceis, a Cidade não tem
culpa do que está a acontecer nos dias de hoje, se existem alguns culpados
esses somos nós. Todos nós nos empenharemos, temos certeza, para que se saia
deste processo de negativismo, de uma situação que nenhum de nós está gostando,
mas que precisamos reverter. Porto Alegre tem potencial para isto, é a mais
meridional das capitais brasileiras, é a última grande Cidade deste País a
confrontar com as repúblicas platinas. Está inserida no Cone Sul da América do
Sul, uma região promissora, mas que viveu por longos anos em processos
alternados de desenvolvimento, de recuo, de avanços políticos, de retrocessos
políticos e sociais. Porto Alegre merece o nosso carinho, a nossa admiração. Os
poetas já cantaram Porto Alegre, cabe a nós, administradores, políticos,
cantarmos Porto Alegre a nosso modo e fazer com que a população da Cidade todos
os 26 de março se sinta sempre e cada vez mais orgulhosa de vivermos nesta
Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a
palavra o Ver. João Motta, em nome da Bancada do PT.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, se abriu, hoje, às 10h, a 31ª Semana de Porto Alegre e que vai até
o dia 04 de abril. Há uma intensa programação desde música, cinema, teatro, show.
E a Administração Popular, ao organizar toda essa Semana com esse perfil e com
toda essa programação, não faz nada mais nada menos do que cumprir com o seu
compromisso perante a Cidade e todos os cidadãos, que é o de afirmar também
neste Semana, mais uma vez, de que nós de fato trabalhamos e trabalharemos até
o final desta gestão para que se tenha uma Cidade para todos, para que o
cinema, a música, o teatro, a cultura enfim não sejam um privilégio de poucos,
mas que seja algo acessível ao conjunto da sociedade, ao conjunto da população.
E queremos, também, além de afirmar esse princípio de que queremos essa Cidade
cada vez mais democrática e aberta a todos, também afirmar de que não
pretendemos ser os donos desta Cidade e que combateremos todos aqueles que de
uma forma ou de outra afirmarem esse tipo de postura perante a Cidade, bem como
perante a própria cidadania. Além de combatermos também aqueles que se acham
portadores de idéias messiânicas ou salvadoras e que acham por isso que são
mais capazes do que outros. Achamos que a Cidade vive e viverá por um longo
tempo problemas de infra-estrutura que são radicais, aliás, à semelhança de
todos grandes centros urbanos do País, e não pretendemos simplificar esse
quadro, ao contrário, tentaremos assumir com toda a tenacidade, com toda a
disposição o desafio que é administrar uma Cidade da dimensão de Porto Alegre
com os problemas que tem exatamente nesta fase de dificuldade, de crise.
Portanto, é isto que gostaríamos de registrar neste dia em
que a Câmara Municipal saúda mais um aniversário da Cidade. Que esperamos que
seja para todos nós um momento de alegria e um momento também de orgulho, na medida em que todos nós queremos ser construtores
desta Cidade, neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz,
em nome da Bancada do PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Presidente e Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, não há prova maior de amor a uma cidade do que amar as
pessoas que nela vivem. Não amo o concreto, não amo o asfalto, não amo as
coisas, apesar das palavras do poeta. Amo as pessoas.
E isto faz-me refletir sobre o
crescimento de Porto Alegre, sobre a chegada de mais e mais pessoas, que vêm a
esta Cidade e que aqui procuram algum tipo de oportunidade. E, na maioria das
vezes, vêem frustradas as suas expectativas, e na maioria das vezes vem até
aqui e, ao invés das oportunidades que procuram, encontram inospitalidade,
violência, desajustes, desigualdades.
Quero muito ao povo desta Cidade,
pois a ele me misturo e apavora-me por isto a falta de oportunidades. Amo o
povo desta Cidade e neste amor repudio qualquer ato de disputa política que não
leva em consideração, muitas vezes, as necessidades maiores do seu povo.
Quantas vezes uma facção política, quantas vezes um grupo tem muito mais valor
para o Legislador, para o Administrador do que a Cidade em si, o povo que nela
habita, aquilo que tem que ser feito na Cidade.
Então, por amar a esta Cidade, já
que somos aqui nove partidos políticos que formamos este Plenário, eu conclamo
a todas as facções políticas para que nos unamos, vamos nos unir por amor a
esta Cidade, vamos debater aquilo que ideologicamente nos separa, mas vamos nos
unir naquilo que esta Cidade espera de nós, para que ela realmente possa progredir.
Então, eu acredito que os problemas de meio ambiente, os problemas de
insalubridade, muitas desigualdades que existem nesta Cidade, se devem também,
um pouco, a nós mesmos.
Neste aniversário de Porto Alegre
a minha conclamação para que nós aqui, neste Plenário, comecemos a dar o
exemplo, vamos nos unir em prol de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Dilamar
Machado, em nome da Bancada do PDT.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem e hoje eu tive dois momentos de
reflexão e eu diria até de nostalgia, por esta Cidade que hoje está dividida.
São duas Porto Alegre. Ontem à tardinha, eu estacionava meu carro na 24 de
Outubro e quando desci do carro, Ver. Clóvis Brum, eu vi um pedaço de trilho de
bonde saindo do asfalto. E na realidade fiquei nostálgico da Porto Alegre em
que conheci, quando vim menino do interior. A Porto Alegre do bonde elétrico,
do bonde gaiola, do Partenon, do Gasômetro, Porto Alegre bonde Glória, uma Porto
Alegre absolutamente diferente da Porto Alegre de hoje.
E hoje pela manhã, quando
visitava o Morro Santana, também fiquei nostálgico de Porto Alegre, Ver. João
Dib, quando vi aquela imensa ferida rasgada naquele morro, onde durante algum
tempo uma pedreira, conhecida como a pedreira do Asmuz, o nosso querido
Presidente do Internacional, rasgou, mutilou e deixou aquela ferida aberta na
geografia da Cidade, lá no Morro Santana.
Na realidade, esta Cidade já teve
muito melhor ambiente de vida. A Porto Alegre do tempo do bonde elétrico, da
barca do Assunção, no tempo em que a Rua da Praia era Rua da Praia; Rua do
Arvoredo; Rua da Margem; a Porto Alegre do Rolo Compressor; da Baixada do
Grêmio; a Porto Alegre boêmia, do filé com fritas na madrugada no Treviso; ou
do sanduíche de pernil do Matheus do Largo do Medeiros; Porto Alegre do Grego;
da Maria Chorona; Porto Alegre Camelinho na Rua da Praia. Na realidade, foi uma
cidade incrivelmente boa de se viver. Cidade doce, até os bandidos da época
eram mais boêmios e civilizados. Porto Alegre tinha pessoas que se celebrizaram
no caminho do crime, mas que ao mesmo tempo tinham uma simpatia da
coletividade. Porto Alegre não tinha naquela época, por exemplo, a Gangue da 24
de Outubro, Gangue da Mostardeiro, Gangue da Praça da Matriz, Gangue da Ramiro
e, o que é lamentável, a Gangue da Restinga, parece que os Thundercats.
Era uma cidade efetivamente mais gostosa de viver.
Mas a Cidade que hoje, como diz o
Ver. Luiz Braz, amamos e pela qual vivemos e na qual vivemos, ela está
dividida. Tem gente nesta Cidade, Ver. Omar Ferri, que conhece Porto Alegre só
da 24 de Outubro, da Mostardeiro, da Bela Vista, da Vila Assunção e outros
setores mais aburguesados e aristocráticos, mas não conhece Porto Alegre da
Vila Tio Zeca, nem da Vila Nazaré, nem da Vila do Respeito, nem do Beco do
Mijo, nem do Beco das Moças, do Beco João Dib, na Vila Ramos, e tem gente que
nunca colocou os pés no barro de uma vila popular ou na poeira e não se dá
conta que hoje nesta região periférica da Cidade mora a maioria da classe
trabalhadora e da classe sofrida da nossa Porto Alegre. É lá na vila popular
que mora o padeiro, que mora o servente de obra, que mora o motorista de
ônibus, o cobrador de ônibus, os funcionários da Câmara Municipal, os
funcionários da Prefeitura. É lá no bairro da periferia para onde estás sendo
paulatinamente expulsa a nossa classe média, empobrecida pela política
econômica brasileira, e é para este setor de Porto Alegre que nós, Vereadores,
devemos, neste dia em que a Cidade comemora, embora o tumulto em torno da data
efetiva de aniversário da Cidade, já se questiona até a padroeira da cidade de
Porto Alegre, mas por lei é, hoje, Porto Alegre completa 218 anos.
E eu levo a minha palavra em nome
da Bancada do PDT aos Vereadores da Casa que indiscutivelmente quando
tratarmos, Ver. Valdir Fraga, dos interesses da nossa Cidade, as barreiras
partidárias devem, efetivamente, desaparecer. Até porque Porto Alegre tem 218
anos e dos partidos aqui representados, a maioria tem dez, onze anos: PDT, PT,
PMDB, PDS, só o do Ver. Omar Ferri é o mais antigo de todos, é o decano dos
partidos políticos brasileiros, foi fundado em 1902. O Partido Comunista também
é antigo, embora tenha ficado durante muitos anos na clandestinidade. Então, a
Cidade é muito mais antiga que os partidos políticos e quem sabe, amanhã ou
depois, se estes partidos existirão ou não.
A mensagem que posso deixar aos
companheiros Vereadores é que na data do aniversário da Cidade, no interesse da
Cidade, o encaminhamento de votação das leis e projetos, as barreiras
partidárias se rompam, em nome de uma Porto Alegre melhor. Quem sabe, num
processo histórico, quase impossível, se torne possível reverter a vida da
Cidade a uma cidade mais alegre, mais humana, sem medo e com espaço para todos
viverem e respirarem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri,
em nome da Bancada do PSB.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que tudo aquilo que poderia ser
dito a respeito desta efeméride já foi dito pelos oradores que me antecederam,
principalmente pelos Vereadores João Dib, Luiz Braz e Dilamar Machado. Sei que
hoje se comemora 218 anos da fundação da cidade de Porto Alegre, outros dizem
que não seriam 218 anos e, sim, 250 anos. Alguns falam que o fundador foi
Manoelito de Ornellas e outros dizem que o verdadeiro fundador foi José
Marcelino, porque foi ele quem, na condição de chefe do governo provincial,
transferiu a capital do Estado de Viamão para Porto Alegre.
Porto Alegre, o nome eu considero
que já diz tudo. Esta Cidade deve seu nome, evidentemente, às belezas de seu
cenário natural e à alegria de seus primeiros habitantes. Quanto a isso,
parece-me que não existe a menor dúvida, mas eu me pergunto, fixando e levando em
consideração as palavras aqui proferidas pelos oradores que me antecederam:
ainda seria uma cidade alegre? Será que este nome continuaria encontrando
justificativa social e comunitária? Alguns Vereadores falaram da Porto Alegre
antiga, da Porto Alegre nostálgica, da Porto Alegre bonita e, conseqüentemente,
da Porto Alegre alegre. Hoje, a Cidade está totalmente deformada. Ao invés
daquele cenário bucólico e arquitetonicamente bem estruturado de 30 ou 40 anos
passados, a Cidade se transformou numa verdadeira selva de pedra.
Desfiguraram-se as ruas, em nome do progresso. Construíram-se espigões, que
arranham os céus. A miséria, que sufocava e ainda sufoca os campos, fez com que
milhares de imigrantes imitassem os casais açorianos. E, se no centro temos estes
arranha-céus, que são verdadeiros monstros de concreto armado, nas periferias,
nos bairros e nas regiões adjacentes da Cidade, cinturões e mais cinturões de
miséria, onde os problemas se avolumam e, à medida que o tempo passa, a solução
se torna mais difícil.
Eu até, de minha parte, acharia
que esta data poderia, muito bem, passar despercebida de todos nós, não há o
que comemorar. Duzentos e dezoito anos depois, Ver. Dib, ex-Prefeito desta mui
leal e valorosa, não há o que comemorar. Até me arriscaria formular uma só
indagação, uma apenas: o que melhorou, nesta Cidade? Os Prefeitos e as
Administrações se sucederam, concomitantemente, os problemas também se
sucederam e se avolumavam, a tal ponto que hoje nós que participamos de um
órgão que fiscaliza, que ajuda e colabora na administração desta Cidade,
podemos confessar a nossa incompetência e a nossa incapacidade. Nada melhorou,
e a Porto que era alegre, outrora; hoje é triste. Com o coração compungido de
tristeza, finalizo o meu discurso e muito grato aos que tiveram a paciência,
como é o caso do Sr. Presidente da Casa, para me ouvir. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É um prazer ouvi-lo, Vereador.
Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, o PMDB marca a passagem do aniversário de Porto Alegre
na manifestação, se V. Exª permitir, da Presidência da Casa, fazendo das suas
palavras as nossas palavras.
O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, é uma honra
receber essa incumbência de Vossa Excelência. Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, requeri que houvesse a transposição, primeiro a Ordem
do Dia e, posteriormente, o Grande Expediente.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr. Presidente, queria fazer um outro Requerimento
sobre a questão da Lei Orgânica Municipal, tendo em vista que o Projeto III, a
sua entrega foi ao final da tarde de sexta-feira, e temos o prazo até as 18h de
hoje para a apresentação de emendas, se é possível estender o prazo até as 20h,
no sentido de que os Vereadores tivessem um pouco mais de tempo para fazerem a
leitura e a apresentação das emendas.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, já o Ver. Wilton
Araújo, Relator, e o Relator-Adjunto, Ver. Lauro Hagemann, fazem sinal que não
há problema nenhum, e conversando com a direção legislativa também não há
nenhum impedimento. Então, fica em aberto até as 20h para que os Vereadores
possam encaminhar os seus requerimentos.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, eu queria encaminhar contrário ao pedido de inversão da
ordem dos trabalhos feito pelo Ver. Isaac Ainhorn, dado que esta Câmara ainda
não se pronunciou sobre o novo governo e seus métodos e planos de governo.
O SR. WILSON SANTOS
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, na quinta-feira, por inexistência
de “quorum”, não se realizou a Sessão. Conseqüentemente havia uma ordem de
inscritos nas Comunicações. Não houve, na minha opinião, fator que determinasse
a troca para hoje. Eu entendo que para hoje devessem permanecer os mesmos
Vereadores que estavam contemplados para o período de Comunicações da
quinta-feira.
O SR. PRESIDENTE: No decorrer da Sessão vamos
informar a V. Exª o que ocorreu, referente às alterações.
Temos dois Requerimentos. Um
Requerimento a favor e outro contra. Somos obrigados a colocar em votação.
Em votação a alteração da Ordem
do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver. Isaac
Ainhorn permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. Nº 2057/89 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/89, de autoria do Ver.
Dilamar Machado, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 118, de 24 de
janeiro de 1985, alterada pela Lei Complementar nº 179, de 02 de agosto de
1988. (Microempresas)
Parecer:
- da Comissão Especial. Relator Ver. Artur
Zanella: pela rejeição do Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL n° 018/89,
com Veto Total. Com a palavra o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto que
retorna a esta Casa com o Veto Total do Prefeito Olívio Dutra foi elaborado por
este Vereador, mas, na verdade, foi uma conquista da Casa. Nós tivemos no dia
da votação da Lei da Microempresa, não tenho certeza, mas quase certeza, de que
houve aprovação unânime da Casa, porque havia interesse dos Vereadores que entenderam
os argumentos deste Vereador de que se devia colocar alguma ordem na vida do
microempresário porto-alegrense que estava sem qualquer cobertura, sem qualquer
ordenamento jurídico, vivendo de uma lei antiga e de um nível de isenção que
era de 6 mil OTNs de janeiro de 1988 ou 1989. Mas, de qualquer forma, houve um
consenso da Casa de se criar uma lei que possibilitasse o amparo ao
microempresário. Eu já tenho dúvidas se hoje, no Brasil de Collor de Melo, o
microempresário não precisará é de óleo canforado, de muletas de aço, de
guindaste para se erguer do desastre que ocorreu após o enxugamento da economia
brasileira. Este verdadeiro saque à poupança do País, classificado hoje pelo
Jornalista Flávio Alcaraz Gomes - que nos primeiros dias defendia veementemente
o Plano Collor -, como uma grande vigarice. Não sei como está hoje o
microempresário, mas o microempresário daquela época precisava muito do nosso
apoio e essa Lei veio apoiá-lo.
Aprovada a Lei, fui procurado de
forma cavalheiresca, digna, pelo ilustre Vereador desta Casa e Secretário
Municipal da Fazenda, Dr. João Verle, que me expôs, em nome da Administração,
algumas dificuldades que a Lei oferecia. Sei que aqui está presente o
Presidente da Associação dos Representantes Comerciais de Porto Alegre. E é
exatamente nessa Lei, aprovada pela Casa, vetada pelo Prefeito, que há um
dispositivo que exclui o representante comercial da isenção do ISSQN, dentro de
todo o envolvimento da microempresa com a carga tributária. Nós fizemos então
duas negociações politicamente claras e, tenho absoluta certeza, límpidas.
Primeiro, nós fizemos uma outra lei para microempresa que recebeu mais uma vez
o apoio integral da Bancada do PT e mais, o apoio integral da Casa. Foi
aprovada, está em vigor, já está beneficiando, embora uma pequena confusão
inicial, todo microempresário da Cidade que passa a ter uma isenção de 21 mil
BTNs, com uma atualização mês a mês, o que era muito lógico naquele momento
face o desespero da economia desenfreada.
Antes de dar a razão que me traz
à tribuna, concedo aparte ao Líder do PTB.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como V. Exª fez referências à exclusão dos
representantes comerciais neste PL, queria apenas adendar ao pronunciamento de
V. Exª, dizendo que esta exclusão decorre de um dispositivo de lei federal, e
que V. Exª apenas consagrou com seu PL. Estou dizendo isso, exatamente para que
possamos votar com bastante consciência o próximo veto ou um dos vetos que nós
vamos votar nesta Casa e que se refere à alíquota atualmente dos representantes
comerciais.
O SR. DILAMAR MACHADO: Exato. O que eu
quero colocar da tribuna é o seguinte: não é propriamente orientar, um líder
não orienta seus liderados eventuais. Um líder comunica aos companheiros para
que raciocinem, e na hora de votar ou seguem a orientação da liderança da sua
Bancada ou desconsiderem a liderança da Bancada, que felizmente não é o caso da
Bancada do PDT. Eu, como autor da Lei vetada, estou encaminhando para que a
Bancada do PDT aprove o Veto, que o Veto seja mantido ao meu Projeto de Lei
porque, dentro de uma negociação política clara e digna, ele foi transformado,
minha idéia foi transformada em uma outra lei, e que está em vigor e atingiu,
do meu ponto de vista, integralmente os meus objetivos iniciais, com uma
exceção, e que também foi politicamente negociada neste Plenário, que é o de
conceder aos representantes comerciais uma alíquota diferenciada de 2%, em vez
de os 5% serem cobrados de um modo global dos contribuintes que devem recolher
esse Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza aos cofres do Município de
Porto Alegre.
Então, a minha posição é a de
exatamente manter o Veto à minha Lei e de derrubar o Veto Parcial do Prefeito
Olívio Dutra ao inciso VII da Lei do Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza. Porque se nós mantivermos o Veto ao meu Projeto de Lei, eu fico
satisfeito, porque a outra Lei supre, mas se nós não derrubarmos o Veto do
Prefeito Olívio Dutra ao outro Projeto, do ISSQN, que garante alíquota
diferenciada aos representantes comerciais, nós estaremos cometendo uma enorme
injustiça e estaremos descumprindo um acordo político das Bancadas do PDT, do
PT e do PTB que, se não está no papel, é porque os homens que geriram essa
negociação têm dignidade suficiente para cumprir com a palavra sem precisar
escrever, a exemplo contrário de um determinado cidadão desta República, que,
no último debate da campanha presidencial do 2º turno, disse, para toda Nação
brasileira: “Este aqui, o Lula, vai tocar na poupança de vocês. Para mim, a
poupança é intocável”. Nós não vamos agir assim. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, especialmente
Vereadores Dilamar Machado e Luiz Braz, como autores do Projeto e Emendas aos
Projetos que vamos discutir vetos neste momento, em primeiro lugar, eu gostaria
de ratificar, no que me toca, ao menos, as palavras do Ver. Dilamar Machado.
Aprendi, ao longo de vários anos nesta Casa, que os acordos são moeda corrente
fundamental neste Plenário, e eu próprio, muitas vezes, até mesmo no papel de
oposição, negociei e liderei acordos para que nós viabilizássemos a passagem de
alguns Projetos, tanto na área tributária, ainda ao tempo da Secretária Dilma
Linhares, quanto ao final da Administração Collares, a questão do DMAE.
Nesse sentido, portanto, eu
entendo que esses acordos são fundamentais. Mais do que isso, ao final da
Administração Collares eu já havia apresentado um projeto de lei que aumentava
o teto em relação à consideração das microempresas, uma vez que entendia que
aquele teto estava absolutamente defasado, ou seja, não existia mais aquele
faturamento. Era impossível darmos qualquer isenção à microempresa com o teto
vislumbrado na lei. Infelizmente, o Prefeito Collares na ocasião vetou o
Projeto e não conseguimos derrubar o Veto. Felizmente, depois, o Ver. Dilamar
Machado apresentou o mesmo Projeto, inclusive com os mesmos valores e que já
eram praticados em outras capitais como São Paulo, Curitiba e outras cidades, e
houve por bem a Casa aprovar, seguindo-se a negociação que o Ver. Dilamar
Machado aqui mencionou.
Portanto, no que me diz respeito e fazendo esse histórico de que eu, em 1988, já havia tomado essa iniciativa, sem sorte, visto que o Prefeito Collares vetou o Projeto, mas ficando satisfeito e se estivesse na Casa, na ocasião – ainda estava na SMT –, teria - sem dúvida - votado com o Ver. Dilamar como votei, depois, na Emenda ao Projeto do ISSQN do Ver. Luiz Braz. De qualquer maneira, no que me toca, uma simples questão de coerência, porque já existe outro Projeto, ando por essa linha que o Ver. Dilamar Machado aponta e que me parece a mais correta: a aceitação desse Veto, porque já existe outro Projeto que foi negociado. E quanto à alíquota, houve a negociação inclusive com a participação do Secretário da Fazenda, companheiro João Verle, de sorte que me parece que temos encaminhamentos tranqüilos nas duas questões, sem maiores problemas. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estou chegando agora de um compromisso
na TV Bandeirantes, onde fiquei sabendo que por um estudo encomendado pelo Sr.
Prefeito, a Emenda do Ver. Besson foi considerada inconstitucional e, ao que
parece, essa inconstitucionalidade será argüida na Justiça. Como isso foi dito
na televisão, acho que também podemos antecipar. Mas, Sr. Presidente, apesar de
chegar atrasado, ouvi o que dizia o Ver. Antonio Hohlfeldt, e ao menos um
recado do Ver. Dilamar. Ocorre que eu fui o Relator do Proc. nº 2057/89 e
parece que foi acordado já, pelo que entendi, alguns procedimentos legislativos
sobre este assunto. Eu não vou defender o Projeto, eu vou defender o meu Parecer
que foi pela rejeição do Veto e eu votarei assim, porque o Sr. Prefeito vetou o
Projeto por inconstitucional e contrário ao interesse público. Eu me convenci,
no decorrer do tempo, que a inconstitucionalidade, porque eu, Vereador, trato
de assuntos tributários, foi atropelada pelos fatos e a atual Lei Orgânica
inclusive consagra isso de forma mais enfática.
Em segundo lugar, a se aceitar
esta tese que são inconstitucionais os projetos tributários desta Casa,
evidentemente, também serão inconstitucionais as emendas que apresentamos ao
longo dos anos. Eu estou aqui na Câmara há sete anos e por inúmeras vezes foram
apresentadas emendas a projetos de caráter tributário e os Prefeitos somente
vetaram quando aquilo não interessava a eles, Prefeitos.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para registrar
que o IPTU para o ano de 1990 surgiu e foi sancionado pelo Sr. Prefeito a
partir de Substitutivo deste Vereador.
O SR. ARTUR ZANELLA: Prefeito. Inclusive, na
propaganda da Prefeitura, nunca foi dito que aquilo foi fruto de uma emenda, se
não me engano, do Ver. Airto Ferronato, assim como o estacionamento pago, que
teoricamente teria vício de iniciativa e que, enquanto está dando certo, o nome
do Ver. Luiz Braz não aparece em lugar nenhum, mas quando der errado, V. Exª
vai aparecer, e o argumento do Sr. Prefeito era de que contrariava os
interesses públicos. Então, o que é do interesse público? Interesse público é o
interesse da comunidade, interesse dos interessados, interesse da Prefeitura. Então, aos
microempresários, esse processo estava dentro do seu interesse, tanto é que me
enviaram um ofício - que está aqui, anexado -, dizendo que concordavam com o
Projeto. E acho que é interessante para a Cidade e para a comunidade, porque no
momento em que se quer tirar tudo dos representantes comerciais, nada impede
que eles atravessem o rio Gravataí, atravessem a ponte de Alvorada, o rio
Guaíba e se instalem em algum Município ao lado, como muitos fizeram, em função
das altas alíquotas. Então, por isso, acho que este Projeto era do interesse
público e por isso diz o relato - do qual não retiro uma vírgula - que não era
inconstitucional e que este Projeto atendia o interesse público. Se o outro
Projeto que vem após atende mais ao interesse público, tudo bem! Nada a obstar.
Só queria, não digo defender, porque não está sendo acusado
de nada, mas respaldar este meu Parecer que foi feito, como todos os outros,
dentro da minha mais profunda convicção, porque quando se quer tirar muito, termina
não se tirando nada. Já tratamos disso, por exemplo, no ISSQN de obras
públicas, e Porto Alegre hoje recebe de uma obra que ia receber de uma obra
feita em Vacaria, Giruá, sei lá onde e o que equacionaram foi a saída da sede
da entidade aqui de Porto Alegre, indo para o Município vizinho; e aí ficava no
Município vizinho, não ficava o ISSQN das obras públicas, como não ficaria
aqui, mas ficaria o ISSQN dos outros. Lembro-me da CRM, uma companhia que foi
extinta pelo Governo Federal, que todas as suas operações eram em Rio Grande e
a sua sede era em Porto Alegre, o ICMS ficava aqui e ajudava os
porto-alegrenses.
Então, nesta busca de recursos, às vezes querendo-se tirar
tudo, resulta em não tirar-se nada. Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se
houver um voto a favor deste Projeto é o meu, se houver mais de um,
evidentemente que o meu estará lá incluído e votarei, também, dentro daquilo
que parece ter sido acordado, pelo que imagino para aprovação de um outro
Projeto que votarei também favorável. Agora, quero que os senhores saibam, tranqüilamente, que este meu Parecer foi Parecer
dado em função deste Projeto aqui, que foi considerado adequado pela Associação
dos Microempresários. E foi considerado adequado por mim. E, tenho certeza, foi
este o objetivo do Ver. Dilamar Machado, Líder do PDT, ao apresentá-lo em 21 de
julho de 1989. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação o PLCL nº 018/89. (Pausa.) Solicito aos Vereadores Mano José e Adroaldo
Corrêa que nos auxiliem na fiscalização da votação.
O Sr. 2º Secretário procederá à
chamada nominal dos Srs. Vereadores para votação.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores para votação.) Votaram 27 Srs.
Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o PLCL nº
018/89 e aceito o Veto Total a ele aposto por 06 votos SIM e 21 votos NÃO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. Nº 2697/89 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 009/89, que altera
dispositivos da Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de 1973. (Sistema
Tributário)
Parecer:
- da Comissão Especial: Relator Ver. Isaac
Ainhorn: pela rejeição do Veto Parcial.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCE nº 009/89,
com Veto Parcial. Com a palavra o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, senhores representantes comerciais aqui presentes, meu amigo Berta,
Presidente da Associação dos Representantes Comerciais. Lembro-me que foi no
final de 1989, quando a administração petista já dizia aos quatro cantos que,
sem a aprovação do pacote tributário que colocava aqui nesta Casa, a sua
administração para o ano de 1990 ficaria profundamente prejudicada. Nós que
naquela época recebíamos a incumbência de relatar um dos projetos mais
importantes daquele pacote tributário, que falava do ISSQN, partimos, no relato
do Projeto, para fazer um trabalho que pudesse, ao mesmo tempo, atender à
Cidade, sem prejudicar os objetivos da administração petista na Prefeitura de Porto
Alegre.
Mas algo não estava realmente bem
naquele pacote. E o que não andava bem? Os representantes comerciais que até
então, na sua maioria, eram tidos como microempresários e, por isso mesmo,
isentos do pagamento de tributos, passavam a partir do pacote a pagar 5%,
aumentando sensivelmente seu dispêndio com despesas com o erário. Achávamos que
não ficava bem aquele tipo de tributação e recebemos o Presidente da
Associação, meu amigo Dr. Berta, que trazia uma proposta dos representantes
comerciais, proposta esta que fazia sentir, ao Plenário, que os representantes
não queriam ficar isentos de tributação, como já eram até aquele instante, mas
queriam dar a sua contribuição para que a administração pudesse realizar algo
em prol da Cidade, só que não queriam ser penalizados, passando de zero para
5%. Queriam um meio termo, e esse meio termo foi discutido com o Secretário da
Fazenda, Dr. Verle, com os técnicos da Fazenda que estavam para prestar
esclarecimentos às bancadas, com as diversas bancadas, onde se envolveu, por
várias vezes, o meu amigo Ver. Dilamar Machado, Líder da maior Bancada com
representação na Casa. E nesta negociação chagamos à conclusão de que um meio
termo, para não penalizar os representantes comerciais, seria uma alíquota de
2%. Esta alíquota de 2% não causava um ônus demasiado aos representantes
comerciais e, ao mesmo tempo, dava para a administração petista, na Prefeitura,
um pouco mais de arrecadação. Assim ficou combinado naquela época e o trato foi
feito.
Como representante do PT estava o
Ver. Flávio Koutzii, lembro até hoje, na presença do Ver. Valdir Fraga, na Sala
da Presidência, junto comigo e com outros Vereadores, quando chegou a notícia
do Veto, do Prefeito. E o Ver. Flávio Koutzii ficava sem saber como explicar
aquele Veto, já que ele havia, em nome do PT, negociado o acordo aqui neste
Plenário. Depois disto, diversas negociações se seguiram. Acompanhei os
representantes comerciais até o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Olívio Dutra, e o
Dr. Berta, Presidente da Associação dos Representantes Comerciais, pode
confirmar aqui minhas palavras, que quando nós entramos no Gabinete do Prefeito
e dissemos a ele que este item do Projeto do ISSQN havia sido vetado, ele não
sabia, desconhecia. E foi necessário que ele chamasse alguns técnicos que não
participaram nem de longe daquela negociação havida aqui no Plenário para que
relatassem a ele os motivos pelos quais haviam proposto o Veto que ele assinou
até aquele momento, pelo menos, sem saber. Até por este motivo, mesmo, ele
naquele instante, encaminhava uma negociação junto ao Secretário da Fazenda
tentando sanar o erro cometido quando da assinatura do Veto. Mas acontece que
por uma negociação que já havia sido feita, para algo que já havia sido
concluído aqui neste Plenário, eu acredito que outras medidas que foram
tentadas através do Sr. Prefeito Municipal, de forma alguma vieram sanar os
problemas causados para os representantes comerciais.
Por estes motivos, neste exato
instante, solicitamos a este Plenário que para fazer valer a palavra dos
Líderes de Bancada, para fazer valer o acordo que foi feito com a Administração
do PT e mais os representantes comerciais, eu peço aos Senhores Líderes que
votem confirmando o Projeto, tem que votar “sim” para confirmar o Projeto. Tem
que votar contra o Veto, exatamente para que se restabeleça uma verdade que nós
conseguimos confirmar no final do ano passado e que infelizmente foi colocada
por terra quando do Veto do Sr. Prefeito Municipal. Uma das razões que eu vi
colocada agora, quando do Parecer com relação ao Veto - e que era por demais
discutida por nós no final do ano passado -, é de que os representantes
comerciais não precisam ter a sua sede aqui em Porto Alegre. A sede de uma
representação comercial pode estar sediada em qualquer Município do Estado do
Rio Grande do Sul ou até fora do Estado. Podem estar sediados em outras
cidades, de outros Estados e trabalharem no Rio Grande do Sul. E me dizia o
Berta, não só a mim como ao Prefeito, quando estávamos lá acompanhados pelos
representantes comerciais: “Nós queremos estar na Cidade, nós fazemos questão
de estar na Cidade”. E com a alíquota de 2%, o Berta prometia ao Prefeito: “Nós
vamos chamar outros representantes comerciais que estão sediados em outros
Municípios do Rio Grande do Sul para que venham para Porto Alegre, até para
ajudar no crescimento da arrecadação”.
Eu acredito que o voto contrário
ao Veto, o voto “sim” ao Projeto é alguma coisa que se nos impõe. Não é algo
que vá nascer de alguma discussão que façamos agora neste instante. O voto
“sim” ao Projeto é algo que ficou deliberado quando votamos no final do ano
passado o Pacote Tributário. O voto “sim” ao Projeto é algo que ficou imposto
aos Vereadores e a cada uma das bancadas que participou daquela votação do
Pacote Tributário.
O Sr. Dilamar
Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Gostaria de confirmar tudo que V. Exª diz nesta matéria, que é o nosso
propósito derrubar o Veto, inclusive para o companheiro Berta e seus
companheiros de diretoria que representam com tanto interesse o representante
comercial, que com a manutenção do Veto do Prefeito à Lei da Microempresa,
também os representantes comerciais que efetivamente forem microempresas estão
abrigados com a Lei que hoje vigora. Quero deixar bem claro que o nosso
objetivo é proteger a microempresa e o representante comercial microempresário
que continua isento até um determinado faturamento. Mas, de qualquer forma, os
demais, que vão participar da economia e da arrecadação do Município, merecem e
vão ter, por certo, esta alíquota diferenciada, que eles mesmos buscaram e nós
vamos conseguir.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Dilamar, eu acredito que
esta matéria, que foi colocada num Projeto de Lei de autoria de V. Exª, oferece
algumas controvérsias, já que parece que esta exclusão dos representantes
comerciais do grupo dos microempresários parece que é alguma coisa que já é
matéria de lei federal. Parece que o que V. Exª colocava apenas vinha confirmar
alguma coisa que já tinha sido resolvida no plano federal. É por isto que é
muito importante a derrubada deste Veto, mesmo para aqueles que estão dentro da
faixa dos microempresários, que é a das 21 mil BTNs, conforme disposição de V.
Exª, porque pode acontecer que o direito dos representantes comerciais vá ser
discutido mais à frente. E acho que podemos colocar um ponto final em tudo já
hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que foi importante aqui a colocação
formulada pelo Ver. Luiz Braz, que definiu exatamente a questão do andamento
das tratativas em relação à aprovação desta proposta. Na realidade, a redução
da alíquota, eu digo de 5 para 2, porque a alíquota do ISSQN, que no ano
passado era 4, passou para 5, reduzida para 2 aos representantes comerciais, eu
digo 5 porque eles estão pagando 5 hoje. Já pagaram no mês de janeiro e estão
pagando no mês de fevereiro. A redução para 2%, a partir de 1º de janeiro,
coroava de êxito uma velha aspiração e luta dos representantes comerciais, que
demonstraram de forma clara a esta Casa, nas Comissões Técnicas, ao Sr.
Prefeito, à equipe técnica da Fazenda, que era mais lógico e racional o
pagamento de uma alíquota menor do que o pagamento de uma maior, na medida em que
dezenas de representantes comerciais estavam deixando de organizar a sede de
suas empresas ou firmas de representação comercial, firmas individuais, na
cidade de Porto Alegre para se deslocarem a outras cidades da Região
Metropolitana. Alguns até para Capão da Canoa, para Osório, exatamente porque
aqui a alíquota era muito alta.
Na realidade, a redução desta
alíquota, com aquela votação que se deu aqui no Plenário, ainda me recordo
naquela manhã, foi o coroamento de toda uma luta da classe dos representantes
comerciais que teve o apoio desta Casa e que foi exatamente objeto de um
acordo, inclusive, de votação de outros pontos. Eu, particularmente, digo a
esta Casa, tinha individualmente uma Emenda que reduzia a cobrança das taxas
fixas em URM para atividades, e naquela oportunidade o Relator Luiz Braz
rejeitava aquelas minhas Emendas porque não estavam dentro das tratativas
havidas com a Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa. E hoje quero
dizer que isso pesa muito. Por exemplo, os profissionais liberais estão
obrigados ao recolhimento de 5 URMs anuais. Podem V. Exas dizer que cerca de três mil cruzeiros não é muita
coisa, pois é uma taxa fixa, mas se somarmos esta contribuição que os
profissionais liberais com curso superior - arquiteto, jornalista, advogado -
têm que pagar, somada às suas contribuições, quer de Previdência Social ou aos
órgãos de classe, passa a pesar substancial e significativamente. Tentei na
oportunidade uma Emenda, não consegui sucesso, de reduzir as quotas fixas por
atividades profissionais. Até conseguimos um meio termo que é este quadro, e
que significou um aumento de onze mil por cento em termos das atividades
liberais. É verdade, V. Exas hão de lembrar, um advogado, por exemplo, pagava trinta cruzados novos
e agora está pagando três mil cruzeiros. Então, é por isso que dá um aumento de
dez mil por cento. Mas, em termos absolutos, na realidade esses três mil
cruzeiros passaram a significar alguma coisa no bolso daquele que contribui.
Anualmente, ele tem um mês de quota da Ordem dos Advogados, se ele é advogado,
ou do CREA, ou do CORE, então, é uma sucessão de pequenas contribuições que vão
se somando, mas chegou-se a um meio termo, exatamente na medida em que havia
essas tratativas e uma dessas tratativas era a redução de 4 para 2 da alíquota
do ISSQN em relação aos representantes comerciais. Hoje, já nos defrontamos com
uma nova realidade, que é o pagamento da alíquota de 2% e que esta Casa deverá
examinar na tarde de hoje.
Então, vou entrar já nos aspectos
salientados - no Veto fui Relator dessa matéria - e nos argumentos aduzidos elo
Sr. Prefeito para apresentar o seu Veto, todos com a maior fundamentação para
que ensejasse essa redução. Mas uma coisa neste momento está me preocupando: se
rejeitado o Veto, passa imediatamente a vigorar ou não a alíquota de 2%? Eu
entendo, Ver. Dilamar Machado, que passa a viger 2% de alíquota a partir do
momento em que for publicada a derrubada do Veto, e isso porque o Princípio da
Anualidade é estabelecido com o objetivo de preservar os interesses do
contribuinte, mas quando há uma redução de alíquotas, evidentemente que só vai
beneficiar o contribuinte, via de conseqüência, a ela não se aplica o princípio
da anualidade. No meu entendimento, rejeitado o Veto, promulgado e publicado,
evidentemente que cessam os efeitos da alíquota de 5% e passa a viger 2% a
partir de agora. O passado é o passado. Em relação aos dois meses, a alíquota
de 5%, a partir da derrubada do Veto, passa a ser 2% se esta Casa confirmar
essa posição de derrubada do Veto. Conseqüentemente, é por essa linha que
entendemos e interpretamos o Princípio da Anualidade. Quero, encerrando essas
minhas colocações, dentro desse aspecto que não havia sido mencionado e que
acho extremamente importante, posto que se outra interpretação houvesse os 2%
só passariam a viger no ano que vem. Então, a interpretação que entendo como
correta é a de que, imediatamente, passe a viger os 2%.
Acho que se vai fazer justiça,
senti pela posição expressa pelos representantes governistas que há simpatia
por essa posição e que está se protegendo um segmento que exerce a atividade a
nível de pessoa física e que neste pacote recentemente promulgado foi
enormemente sacrificado, porque sabemos que essas áreas de autônomos que operam
com repasses de terceiros e que dependem de suas vendas para receber são muito
morosas, então essas pessoas, normalmente, organizam suas vidas através de
cadernetas de poupança para esperar até que a empresa lhes pague. Na realidade,
são trabalhadores na versão de autônomos, porque, na verdade, o representante
comercial, mesmo quando se diz empresa de representação comercial, fica situado
no âmbito da pequena e média empresa. Entendo que o que se vai fazer, neste
momento, é uma medida de justiça, sobretudo neste momento em que ela é
penalizada por medidas de ordem federal que, de repente, temos nossas dúvidas
de que tais medidas venham resolver os problemas do nosso País. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A palavra com
o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assomo à tribuna para ratificar o que
já havia dito por ocasião do exame do Projeto de Lei Complementar do Executivo
nº 009, quando do pacote tributário do final do ano passado. Naquela ocasião,
dizia que os representantes comerciais tinham tido um golpe muito duro:
observar que o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 009 registra um
ISSQN na ordem de uma alíquota de 5%. Surpresa e espanto, porque eles vinham
pleiteando, no curso do tempo, aos diversos governantes desde 1963, quando da
Lei Complementar nº 07, que a alíquota baixasse para 2%, quem sabe até 3%, mas
jamais subir de 4 para 5%. Por quê? Porque eles entendiam ser justa a
reivindicação deles, ser correto o pleito deles, os seus colegas de profissão,
via de regra, saíam de Porto Alegre em busca dos Municípios circunvizinhos, dos
Municípios em torno ou até mesmo de Municípios mais distantes para serem lá
acolhidos pelo Município com uma alíquota de 2% ou até menos. E isso aí
demonstra para qualquer um que na medida em que eles saíam de Porto Alegre eles
estavam retirando receita do Município. Então, de nada adianta ao Município
querer, e não é por aí o nosso argumento, o nosso argumento é de justiça, mas
para mostrar que o argumento tributário da arrecadação também falece a ele,
respaldo prático, concreto, a partir daí os 4%, os representantes saem de Porto
Alegre, por isso a receita da Prefeitura cai. Ora, quanto mais nós reduzirmos,
mais representantes comerciais nós traremos para Porto Alegre e, com isso,
vamos aumentar em vez de reduzir a receita no que concerne aos representantes
comerciais. Por isto dizia, naquela ocasião, em fins do ano passado - e repito
hoje -, o pleito é justo por um lado e por outro é prático atendê-lo, na medida
em que ele vai trazer de volta para Porto Alegre os representantes que de fato
estão aqui sediados.
Então, o meu voto, acompanhando o
meu Líder de Bancada Ver. Dilamar Machado, é pela derrubada do Veto. E por uma
razão muito simples: antes que, como afirma o Prefeito, tratar-se de uma
inconstitucionalidade, não, é de uma justiça, uma correção! Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação. Convido os Vereadores Mano José e Adroaldo Corrêa para ajudarem no
escrutínio. (Pausa.)
Com a palavra o Ver. Artur
Zanella, para encaminhar.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
encaminhando essa votação, esperamos que além de “quorum” se faça também
justiça. E só quero respaldar aquele Parecer anterior que era para um Projeto
mais amplo, que era o Projeto referente às microempresas, essa aqui é dos
representantes comerciais que também, a maior parte deles fazem parte da classe
dos microempresários e, ao mesmo tempo, como representantes comerciais, têm
direito ao apoio da Casa e da Prefeitura Municipal para os seus justos anseios.
Nesta votação de hoje, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que deverá se
desenrolar daqui a minutos tão logo se complete o “quorum” de votação,
evidentemente o que se quer é o voto “sim”, mantendo o Projeto, e não queremos
o voto “não” que rejeita o Projeto. E assim, com a chegada agora dos colegas
que estavam em seus gabinetes tratando de problemas da Cidade, eu encaminho a
votação de forma “sim” que mantenha o Projeto, contra a votação “não” que
rejeita o Projeto. Então, este Veto será derrubado, creio eu, por maioria total
dos Srs. Vereadores, eis que existe um acordo nesta Casa com o Executivo para a
manutenção do Projeto de Lei que precisa de 17 votos, e já se encontram na sala
mais de 17 Vereadores, com o que, Sr. Presidente, saio desta tribuna.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Antonio
Hohlfeldt, que encaminha pelo PT.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas para
ratificar, agora formalmente em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores o
entendimento de que se deva manter o Projeto, portanto derrubar o Veto
apresentado, dentro das negociações envolvidas na ocasião, que nós vamos
cumprir, lembrando que exatamente na ocasião não foi aceito totalmente, segundo
o Ver. Luiz Braz, no nosso entendimento. No entanto, foi uma parte de
negociação e nós devemos manter então novos entendimentos a partir deste ano.
Já se encontra na Casa o Projeto
que prevê as novas alíquotas a partir dos próximos anos. Entendo eu, no
entanto, que devido à situação nova criada aí com o Plano Collor, e nesse
sentido eu vou conversar com a Liderança e os Vereadores da Bancada, no sentido
de que a gente faça um contato com o Executivo para sustar a tramitação deste
Processo momentaneamente para verificarmos o que vai acontecer com a economia,
as finanças brasileiras, para depois se retomar o encaminhamento. De qualquer
maneira, o que nos interessa no imediato é exatamente a vigência de uma
alíquota para 1990, que é aquela prevista dentro do Projeto e vetada. Portanto,
neste sentido nós vamos participar da derrubada do Veto e depois, numa segunda
etapa de conversa, então discutir as questões dos próximos anos.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira
encaminhar, colocamos em votação o PLCE nº 009/89. Com a palavra o Sr. 1º
Secretário, para que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores para votação.) Votaram 31 Srs.
Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLCL nº
009/89, por 30 votos SIM contra 01 voto EM BRANCO e rejeitado o
Veto Parcial a ele aposto.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. Nº 1149/89 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 034/89, de autoria do Ver. Ervino Besson,
que dá nova redação aos artigos 1º e 2º da Lei Municipal nº 5.624, de 18 de
setembro de 1985. (Passagem para deficientes.)
Parecer:
- da CUTHAB: Relator Ver. Antonio Hohlfeldt:
pelo acolhimento do Veto Total.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 034/89,
com Veto Total.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu queria impugnar o Relatório do Ver. Antonio Hohlfeldt, porque ele
teve dois votos favoráveis num “quorum” de cinco, e eu não sei se isto é
suficiente para dizer que o Parecer foi acolhido.
O SR. PRESIDENTE: Registrada sua Questão de Ordem,
no decorrer da Sessão será respondida.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Eu queria secundar o
Ver. Zanella, porque confesso a V. Exª que me surpreendi com a inclusão da
análise deste Veto hoje. E mais surpreso ainda fiquei quando vi que, na
verdade, os demais votos não são nem contrários, eles simplesmente nem foram
colhidos. Na verdade, faltam aqui as assinaturas dos Vereadores Castan, Wilton
e João Dib. Então, eu entendo que tenha havido uma falha.
O SR. PRESIDENTE: Hoje se expira o prazo fatal do
Veto, por isto está vindo a Plenário.
Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, para discutir.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu aproveito a
introdução desta discussão para informar que o Ver. Wilton assinou
posteriormente, embora contrário ao Projeto. Neste sentido, teríamos o “quorum”
de três assinaturas sobre cinco. Independentemente da posição de cada Vereador
em relação a este Veto, eu gostaria de chamar a atenção dos Senhores,
especialmente os companheiros do PDT, Ver. Wilton Araújo, que já votou
contrário, Ver. Elói Guimarães, que já foi Secretário e conhece bem esta
questão, Ver. Cyro Martini, Ver. Dilamar, com quem já conversei, infelizmente o
Ver. Besson não está no Plenário para dar explicações e aos Srs. Vereadores das
demais Bancadas, meus companheiros. No parecer, nós pedimos uma análise ampla
do processo a uma série de dados que nós levantamos, um dos quais, pelo menos,
nos tem preocupado desde o período em que assumimos a Secretaria Municipal dos
Transportes, inclusive em anos anteriores, quando apenas era um Vereador de
oposição, que é a questão que a cada isenção significa um aumento de ônus para
os demais passageiros pagantes. Este me parece que é o primeiro grande problema
que se deve colocar em todo o tipo de discussão.
Em segundo lugar, nos preocupou
que na redação do Projeto, tal como se encontra o Projeto do Ver. Besson, o
conceito de deficiência fica extremamente amplo e, evidentemente, até fazendo
um pouco de blague, mas, de qualquer maneira, sem uma regulamentação mais
objetiva, eventualmente tanto o Ver. Elói Guimarães, neste instante, como o
Ver. Clóvis Brum, ou eu de maneira mais permanente, somos deficientes, os três,
porque afinal usamos óculos e isto também é uma deficiência. Portanto, todos
nós passaríamos a ter direito à passagem gratuita nos ônibus de Porto Alegre,
que, convenhamos, é um absurdo, se considerarmos exatamente a situação por que
todo o sistema passa e obviamente não teria porquê o fato de ao usarmos óculos
termos este privilégio. Valeria também a um cidadão que eventualmente tivesse
uma perna mais curta, e eu conheço pelo menos um cidadão de perna mais curta que
tem um trabalho magnífico nesta Cidade, que é o Diretor de Teatro Ronald Radde,
que nunca pediu privilégios por causa disto. Mandou fazer uma bota com salto
mais alto que equilibra a sua deficiência e nunca pediu e nem aceitaria
qualquer privilégio. O Ver. Aranha Filho lembra o Ver. Artur Zanella, que
sempre usou de uma bengala, provavelmente não gostaria de ter privilégios.
Acho que é uma discussão
importante para nós nos aprofundarmos sobre o conceito da deficiência e podendo
objetivamente buscar atender àquelas pessoas que, por serem deficientes e
carentes, deverão ter um atendimento e uma atenção especial do Poder Público.
O Sr. Vieira da
Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Apenas para que não passe em julgado a afirmação de V. Exª de que o
Projeto poderia dar margem, inclusive, para que V. Exª e outros colegas
Vereadores que usam óculos se utilizem do benefício, porque basta uma leitura
até não muito atenta do § 1º do art. 1º do Projeto e se verá que a isenção se
dará somente aos portadores de cegueira, que não é o caso de V. Exª nem de
outros colegas aqui, e aqueles que forem considerados inválidos pela
Previdência Social. E não me consta que a Previdência Social, apesar das
críticas que a ela são feitas diariamente, considera como inválido alguém que
use óculos. Portanto, em nome até do Ver. Ervino Besson, que é autor do
Projeto, que infelizmente não se faz presente, acho que o § 1º do art. 1º
define bem quais são os casos de deficiência, e que serão comprovados junto ao
Município e que darão, por via de conseqüência, o benefício da gratuidade da
passagem.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Ver. Vieira da Cunha, confesso que tenho um
entendimento um pouco diferente em relação a esta questão, mas não gostaria de
me prender a este problema específico, porque me parece que o nosso problema
básico não é este. O nosso problema básico é diverso e eu sei que, se não me
engano, o Ver. Castan tem um projeto neste sentido. Foi também o Ver. Castan
quem motivou o trabalho que a SMT, ao tempo que eu respondia por aquela
Secretaria, desenvolveu junto às entidades ligadas a deficientes de um modo
geral.
Queria encaminhar e pedir a
atenção dos Srs. Vereadores no seguinte sentido. Em primeiro lugar, por etapas,
parece-me que o Projeto que o Ver. Castan apresentou era bem mais amplo, mais
completo do que o do Ver. Besson. E, neste sentido, ficaria com o Projeto do
Ver. Castan.
Em segundo lugar, a iniciativa do
Ver. Castan acabou gerando uma iniciativa da SMT num trabalho que sei que o
Ver. Castan chegou a acompanhar num determinado momento, e que gerou inclusive
o Proc. nº 858, de 07 de novembro de 1989, que encaminha um novo projeto a esta
Casa, um projeto que está neste momento tramitando na Casa, deverá ser votado
provavelmente nas próximas semanas, aqui, pela Câmara de Vereadores. Um projeto
que inclusive teve a participação, teve o apoio de praticamente todas as
entidades envolvidas com um trabalho de assessoramento, de acompanhamento dos
deficientes físicos, como é a CAEDA, Escola Intercap, o CADEP, a Escola Recanto
da Alegria, Escola do Sol, Escola Dr. João Alfredo de Azevedo, o CAD, Lar da
Amizade, Escola Renascença, o CLB, Concórdia, Instituto Nazaré, FABEM, Escola
Cristo Redentor, CPT, Fupasme, Instituto Frei Pacífico, a Secretaria da Saúde
Municipal, Instituto Santa Luzia e o MAPA, inclusive, evidentemente, em
decorrência disso até mesmo a participação da APAE.
Neste sentido, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, sem entrar no mérito específico, mas buscando uma posição que
me parece que deve ser preocupação de todos os Vereadores, me sinto muito
tranqüilo para dizer isso, porque em momentos diferentes em que tenho exercido
meu mandato, aqui, até mesmo participei de negociações desse tipo em que por
vezes o Executivo, até porque mais equipado e preparado, acabava mandando um
Projeto melhor e, portanto, a gente abria mão do Projeto inicial da gente. Eu
queria apelar no sentido de que, em primeiro lugar, nós aceitássemos o Veto do
Executivo a esse Projeto, em nome da existência de um outro Projeto que já está
tramitando na Casa desde 07 de novembro de 1989. Este é um Projeto amplo que
atende a todos os interesses desses segmentos e que tem o apoio dessas
entidades, porque foi por elas produzido. E que trará uma novidade que me
parece extremamente interessante: é que nós estenderíamos a possibilidade da
tarifa gratuita aos deficientes não apenas no sistema de ônibus como também,
dentro de uma determinada proporcionalidade, que está explicitada na Lei, no sistema de táxi-lotação. Porque, conforme
tem sido entendido por esta Casa e pelo Judiciário, há muitos anos, pelo menos
desde 1984 quando da nossa disputa com o Executivo, ao tempo do Prefeito Dib,
sobre o conceito de transporte coletivo, quando ficou muito claro em decisão do
Judiciário que transporte coletivo é tanto ônibus quanto táxi-lotação, o
deficiente físico também teria acesso, em proporções definidas na Lei, ao
táxi-lotação.
Então, nesse sentido é que nós
encaminharíamos, sem entrar no mérito porque este evidentemente é indiscutível,
pela aceitação do Veto. Neste caso, com esse compromisso do Projeto que hoje já
tramita na Casa, e que foi um Projeto produzido, criado e discutido com as
próprias entidades que vêm atuando e que têm a vantagem de não depender, Ver.
Vieira da Cunha, do INPS ou de coisa parecida, mas daria uma atividade bem
maior no encaminhamento das questões de quem tem direito ou quem não tem
direito, através das próprias entidades dos deficientes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Encerrada a
discussão. Em votação. (Pausa.) Convido os Vereadores Adroaldo Corrêa e Luiz
Machado para que nos assessorem na fiscalização da votação.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, solicito seja
feita verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: o Sr. 1º Secretário procederá à
chamada dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada para verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, vamos para a
votação. Peço ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a votação.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada.) Votaram 26 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o PLL nº
034/89, por 12 votos SIM contra 13 votos NÃO e 01 voto EM
BRANCO, considerando-se aceito o Veto Total a ele aposto.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. Nº 2370/89 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 133/89, de autoria do Ver. Luiz Machado,
que dispõe sobre a proibição do plantio das plantas da família das
“Euphorbiaceae”. (Coroa de Cristo)
Parecer:
- da COSMAM. Relator Ver. Gert Schinke: pela
manutenção do Veto Total.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 133/89,
com Veto Total. Com a palavra o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu acredito que agora o Ver. Luiz Machado vai me entender e me
compreender. Quando eu fui contra o Projeto e disse a S. Exª que ele ia ser
vetado, S. Exª defendeu com rara maestria e, se não me engano, S. Exª teria
manifestado a esperança que os técnicos da SMAM... Outra coisa são os
representantes políticos. E o resultado está aí. Eu acho que o seu Projeto é
bom, mas eu sabia que ia ser vetado. Não fui compreendido na época, porque
havia votado contra. Hoje votarei pela rejeição do Veto, porém, olhando as
nossas forças armadas, estamos com poucos soldados batendo em retirada, mas só
espero, Ver. Luiz Machado, nos retirarmos com a glória e nos retirarmos
atirando. É o que eu farei, hoje, votando com a derrubada do Veto e a
manutenção do seu Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz
Machado, para discutir.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando apresentei o Proc. nº 2370/89,
que nesta Casa foi aprovado, o Projeto proíbe a plantação da famosa coroa de
espinho, não vou dizer da coroa de Cristo, porque eles pedem para não levarem o
nome de Cristo em vão. Eu fiz esse Projeto na intenção de defender as nossas
crianças, pois o passeio público deve estar livre para nossas crianças, e não
com espinho, foi essa a nossa intenção.
A Exposição de Motivos do Veto do
Sr. Prefeito, num trecho diz assim: “Evidente que não somos contra o cultivo
dessa espécie, pois sabemos da importância do papel que desempenha para o
equilíbrio do meio ambiente; mas queremos alertar a todos para os graves
problemas que ocorrerão em caso de acidente”. É evidente que a Exposição de
Motivos feita ao Veto diz, em certa parte, que essas plantas são muito usadas
para dividir o espaço urbano. Portanto, eles concordam que a planta serve mesmo
é para dividir espaço. Se serve para isto é porque prejudica o passeio. Nós
vimos aqui na frente da Câmara o nosso caminho cheio de espinhos. Eu sou contra
espinho. Se o Prefeito é favorável, eu sou contra. Defendo a ecologia e os experts
no assunto defendem o nosso Projeto. O nosso Vereador ecologista que não está
presente, Giovani Gregol, é um defensor, porque entende que no passeio público
não temos que ter plantas que venham a ser nocivas às nossas crianças. Faço um
pedido aos nobres Pares da Câmara para que nos ajudem e venham a derrubar o
Veto do Sr. Prefeito, porque a intenção visa exclusivamente a defesa da nossa
criança, que é um ser indefeso e precisa do cuidado de nós, homens públicos.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aproveito este
aparte para dizer que defendo o Projeto de Vossa Excelência. Eu dou um atestado
prático porque das crianças do Colégio Artur da Costa Silva, do Parque Minuano,
em função de terem sido feridas por este tipo de planta, há tempo pensava em
encontrar uma solução. Por isso acho o Projeto de V. Exª procedente, porque tem
sido plantado em cerca, sob a argumentação de que seria para evitar que ladrões
pulem a cerca. Mas acontece que vem para a calçada e uma das crianças lá,
inclusive, teve a parte do olho perfurada pelo espinho que está na calçada. Só
um fato destes já garante a razão do seu Projeto. Que plantem várias outras
espécies ao invés de uma com espinho que prejudique os passantes.
O SR. LUIZ MACHADO: Obrigado pelo aparte, Vereador. Vou ler mais um texto da Exposição do
Sr. Prefeito, para vetar: “Esta espécie não soluciona o problema de acidente
com a vegetação nos espaços urbanos. A matéria é complexa e exige um estudo
mais profundo, existindo várias outras espécies que apresentam igual ou maior
risco à população do que a citada”. Só que eu não vejo outra plantada no
passeio público que venha trazer tanto prejuízo às nossas crianças como a coroa
de espinhos. Portanto, eu peço aos nobres Pares que derrubem o Veto do Sr.
Prefeito ao Proc. nº 2370/89 deste Vereador. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação o PLL nº 133/89. (Pausa.) Não havendo quem queira encaminhar,
passaremos ao processo de votação.
Convido os Vereadores José Valdir
e Isaac Ainhorn para escrutinadores.
Com a palavra o Sr. 1º Secretário
para a chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada.) Votaram 29 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o PLL nº
133/89, por 13 votos SIM contra 13 votos NÃO e 03 votos EM
BRANCO, e aceito o Veto Total a ele aposto.
RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO SECRETA
PROC. Nº 2904/89 –PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
171/89, de autoria do Ver. Gert Schinke, que concede o
Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Jorge Gomes Pinheiro.
O SR. PRESIDENTE: Em
votação o PLL nº 171/89. (Pausa.) Não havendo quem queira encaminhar,
passaremos ao processo de votação. Convido os Vereadores Ervino Besson e Décio
Schauren para escrutinadores.
Com a
palavra o Sr. 1º Secretário para a chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores para votação.) Votaram 29 Srs.
Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o PLL nº 171/89
por 20 Votos SIM contra 06 Votos NÃO e 03 votos EM BRANCO.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: É uma informação que solicito de V. Exª, se neste
processo de votação cabe o Pedido de Verificação.
O SR. PRESIDENTE: Não, pois já estamos na segunda
votação e não existe no processo de votação secreta verificação de voto.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Sobre a mesa, Requerimento do Ver. Dilamar Machado, solicitando Moção
de Repúdio contra o ato de invasão, por parte da Polícia Federal, da sede da
empresa Folha da Manhã S/A, em São Paulo, onde é editada a Folha de São Paulo,
numa averiguação de irregularidades.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Só gostaria de saber por que o nosso nobre 1º Secretário teve que
interpretar?
O SR. 1º SECRETÁRIO: É porque está escrito na ementa que requer uma manifestação de repúdio
à Folha da Manhã.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo
Corrêa, para encaminhar o Requerimento do Ver. Dilamar Machado.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o episódio, um dos tantos na
truculência do novel Governo Collor, é por demais lamentável; o atropelo à Lei,
às normas mais comezinhas do direito do cidadão e até da empresa neste País,
têm sido uma evidência não só no Plano como um conjunto, mas o que se revela no
episódio parece que será a pauta, a norma de conduta deste governo. Esse
Governo tem uma fachada nos meios de comunicação de massa pretensamente liberal
e uma conduta, um portar-se dia-a-dia autoritário; e não a autoridade dentro da
ordem e da disciplina, mas o autoritário, indisciplinado e desordeiro que cabe
naquela figura que pretende ser a encarnação da verdade, do Estado e da única
forma de conduzir-se. Como querendo inspirar, através do modelo, outros a agir
conforme o seu ímpeto e o seu caráter principesco de dono, não só da verdade
pessoal, que teria direito, mas de dono da conduta dos demais, que sequer divergir
podem. E sequer recorrer à Justiça para assegurar sua divergência está
permitido no País. Aquele que impôs o Pacote Collor, de seu próprio nome, está
a exigir dos adversários políticos a sua própria conduta, ou seja, a da
submissão à disciplina pessoal.
Ora, isto numa República que
arrancou a democracia do Regime Militar, nos diversos governos militarizados
neste País, é inaceitável de parte dos cidadãos, de todos quanto prezam aqueles
que lutando tombaram e aqueles que permanecendo na luta conquistaram os espaços
de democracia que permitiram a este homem chegar, de alguma forma manipulada
que sempre denunciamos, ao posto em que está hoje. Ter autorizado a invasão de
um próprio privado, não como ameaça à iniciativa privada, mas como ameaça ao
direito da cidadania, e depois dizer desconhecer, negar que tenha autorizado,
que tenha sido ato pessoal do policial, é mais do que tentar afirmar aos demais
o seu modelo, é dizer que o seu modelo é aquele que um dia não erra e, no
outro, não erra, e sempre será aquele que deve ser imposto a todos.
As pessoas são diferentes, as
pessoas podem e devem pensar diferente. E a lei deve ser aplicada a todos. E
este cidadão impede, porque no exercício da Presidência da República, que a lei
seja o recurso do cidadão contra ele, que é apenas e não mais que um cidadão no
exercício de um cargo eletivo. Mas ele se pretende mais, ele se pretende o Juiz
dos demais. E isto nós não podemos aceitar. O recurso à Constituição, pela
Justiça, é o recurso da cidadania. Sem a Constituição não existem não apenas os
direitos dos cidadãos, mas não existe a Nação. E ferir o direito da cidadania,
no nosso entendimento, exige que os cidadãos se ergam, porque está ferida a
democracia pela demagogia, a um passo não só do caos econômico em que o País vive,
mas do caos político e social. As regras que buscamos são aquelas conquistadas,
erigidas como símbolo da cidadania em nosso País, pela liberdade de expressão,
pelo direito da cidadania recorrer à Justiça e contra as manifestações da
vontade pessoal sobre a vontade da maioria, que é a vontade do julgado e do
fato previsto na lei que pré-existe. É o que deve ser, no nosso entendimento,
preservado por todos, sejam eles cidadãos comuns, ou os comuns que ocupem
eventualmente cargos nos quais deveriam ser os primeiros a fazer cumprir a lei
e não desrespeitá-la.
Então, somos favoráveis à Moção
do Ver. Dilamar Machado. Sou grato.
(Revisto pelo orador.)
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, solicito verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário
que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada para verificação de “quorum”.) Não há “quorum”, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo “quorum” para a
continuidade da Ordem do Dia, asseguramos a inscrição do Ver. João Dib para
encaminhamento à votação do Requerimento do Ver. Dilamar Machado.
(Levanta-se a Sessão às 17h20min.)
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